terça-feira, 13 de abril de 2010

O impacto do crescimento das vendas no capital de giro

Vendas líquidas do Pão de Açúcar sobem 50% no 1º trimestre
O Grupo Pão de Açúcar, maior varejista do Brasil, informou na noite desta segunda-feira que suas vendas líquidas no primeiro trimestre do ano cresceram 50,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 6,9 bilhões.
De acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o crescimento das vendas líquidas do grupo varejista foi de 23,2% quando excluídas as operações da rede Ponto Frio.
Fonte: Site Invertia

Hoje me deparei com esta notícia e fiquei entusiasmado com o desempenho do setor varejista que apesar das dificuldades do ano passado continua crescendo.

Contudo, logo em seguida vieram alguns questionamentos em minha mente: será que todo o setor teve crescimento, ou é fator isolado? Como se comportaram as pequenas lojas?

Em pesquisa com alguns clientes, pude perceber que eles também tiveram crescimento neste primeiro trimestre, tanto lojas pequenas quanto médias. E isto é um bom sinal!

Mas o intuito desta matéria não é simplesmente comentar sobre o crescimento nas vendas do mercado varejista, e sim, tratar de um aspecto importante no que tange ao impacto do crescimento das vendas no capital de giro.

Se este aumento for em sua totalidade com vendas à vista, isto não nos preocupa, pois é dinheiro em caixa e não obriga a empresa a aumentar o capital de giro.

Porém se o crescimento das vendas estiver na sua maioria atrelado a venda à prazo, o varejista deve se orientar e planejar para uma possível necessidade de incremento do capital de giro.

Vejamos porque.

Em linhas simplificadas podemos entender a necessidade de capital de giro através do seguinte ciclo: vamos considerar que a empresa no marco zero decide comprar produtos para a revenda obtendo o prazo médio de seus fornecedores em torno de 21 dias; mas não vende o produto assim que chega a loja, vamos considerar o prazo médio de giro em torno de 15 dias; aí entra outro fator, o prazo médio concedido aos clientes que neste exemplo vamos levar em conta 30 dias. Deste modo teremos o seguinte ciclo financeiro desta empresa.

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0 15 dias 21dias 45 dias
Giro do produto pagto do fornecedor recebimento do cliente


Analisando este ciclo podemos concluir que a loja paga o fornecedor antes de receber do cliente, que neste caso fica em torno de 24 dias (45 – 21), ou seja, traduzindo, a loja banca o prazo ao cliente em torno de 24 dias.

Se considerarmos que esta loja vende em média R$ 10.000,00 a prazo por dia, então ela necessitará de R$ 240.000,00 (24 dias x R$ 10.000,00) de capital de giro.
Agora poderemos analisar o que pode acontecer com a necessidade de capital de giro com um provável aumento nas vendas a prazo. Vamos considerar que esta loja acima aumente suas vendas a prazo de R$ 10.000,00 para R$ 12.000,00, qual seria o impacto na necessidade de capital de giro.

Se levarmos em conta que ela mantêm o mesmo ciclo financeiro, ou seja, banca seus clientes por 24 dias, então teremos:

24 dias x R$ 12.000,00 = R$ 288.000,00.

Antes, com a venda de R$ 10.000,00 a prazo por dia ela necessitava de R$ 240.000,00; agora com uma venda de R$ 12.000,00 a prazo por dia, este valor passou para R$ 288.000,00; um incremento de R$ 48.000,00.

Se a empresa não tiver este dinheiro para internalizar, ela iniciará o ciclo vicioso de antecipação de cartão ou cheque pré-datado, uso da conta garantida, e assim por diante. Quem saiu lucrando com seu aumento de vendas?! Isto mesmo o banco.

Não quero aqui deixar entender que aumento de vendas é ruim para a empresa. Quero apenas alertar aos empresários que planejem este crescimento para não pagar financeiramente com isto e sim ganhem em lucratividade.

Gostaria de salientar também que existem critérios para calcular o ciclo financeiro da empresa. Caso se interessem é só entrar em contato conosco do Instituto Varejo S/A.

Boa semana a todos!!

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